Há 18 anos trabalhando com o meio ambiente, com sustentabilidade, algumas competências fizeram a diferença na minha vida profissional e para os meus clientes também, ou seja, ajudaram a superar os desafios que enfrentamos para incorporar para a sustentabilidade na estratégia do negócio, e assim trazer soluções criativas e impactos positivos. Tudo passa pela capacitação, qualificação, mas há competências, em minha opinião, que são simples, mas ao mesmo tempo cruciais para trabalhar com ESG, que são a comunicação e a colaboração, e vínculo essas competências à simplicidade e à união.
E sim, elas são estratégias em ESG. Para evidenciar o ponto de vista, apresento notícia do portal Terra, trazendo pesquisas da ABERJE (Associação Brasileira de Comunicação Empresarial), de que ESG é preocupação para 95% das empresas, e com o dado de que 68% dizem que a pandemia despertou para a importância da sustentabilidade.
E já diria nosso sábio Abelardo Barbosa, o Chacrinha, que “Quem mais se comunica, se trumbica”.
Sim, comunicar, mas não de qualquer jeito, sem método. O site Portal da Comunicação destaca que a comunicação objetiva e efetiva das ações na agenda ESG é premissa estratégica para as organizações, e elas devem se direcionar a todos os públicos com que se relacionam.
Na minha jornada a comunicação efetiva passou a ter alguns pilares como melhores práticas:
- Transparência: das ações, do processo, dos objetivos, desafios e resultados. Ou seja, comunicar de forma clara e aberta sobre os objetivos, desafios e progressos dos Programas ESG.
- Personalização: Adaptar a comunicação às necessidades e preferências dos diferentes públicos-alvo. Ou seja, deve se direcionar a todos os públicos, mas de maneira que seja compreensível e envolvendo os interesses daquele público.
- Consistência: deve ser mantida uma coerência na mensagem que se quer passar, e manter os públicos comunicados sobre o progresso nos canais mantidos. O que não fazer: lançar um site para acompanhamento em tempo real das atividades, e em 3 meses parar de atualizar as informações.
- Engajamento: os stakeholders devem ser envolvidos no processo de comunicação, internos e externos. Isso faz muito sentido com lideranças de comunidades atingidas, que podem ser verdadeiros multiplicadores.
Ou seja, a narrativa deve ser coerente, sólida e duradoura. Isso traz segurança, confiança do público quanto à transparência e consistência das informações, a seriedade e robustez do programa ESG.
O que e como deve ser comunicado?
A experiência mostrou que seguir a simplicidade é o melhor caminho, comunicando a linha de base, as metas, o processo de implementação da agenda e a aferição, ou seja, os resultados.
De uma forma bem direta a comunicação deve S.E.R.: sucinta, específica e relevante!
Mas enfrentamos desafios, que em geral envolvem: a falta de alinhamento de diversas áreas da organização, com objetivos e prioridades diversas;
A sobrecarga de informações, excessividade em iniciativas e dados, o que dificulta uma comunicação clara;
A falta de engajamento das partes interessadas: a dificuldade de integrar stakeholders chave pode comprometer a comunicação.
Esses desafios podem ser superados com o auxílio da colaboração.
Colaborar significa permitir-se, abrir-se, participar. E reconhecer que sozinhos não fazemos ESG. A colaboração pode abrir caminhos e gerar impactos positivos que sequer estavam mapeados.
Empresas líderes em programas ESG compartilham suas histórias de sucesso em iniciativas de colaboração, destacando a importância da união de esforços para alcançar impacto positivo. Novas parcerias entre empresas, ONGs e órgãos governamentais demonstram como a comunicação aberta e a cocriação de soluções podem acelerar a adoção de práticas ESG.
Colaboração envolve liderança. O líder inspira e une as pessoas, que se sentem seguras, criando um ambiente confiável para explorarem essa multidisciplinaridade característica nessa área, e criar soluções criativas para os desafios ESG.
O que podemos então esperar da colaboração? Sem ela realmente não vamos longe em ESG, e os benefícios alcançam a comunicação. A colaboração ajuda a alinhar os objetivos, criando sinergia entre os envolvidos no processo; ela favorece a inovação: com a participação de diversos atores de diversas áreas do conhecimento e com interesses distintos, temos trocas ricas, crescimento contínuo e soluções criativas a desafios complexos. Mas ela também acarreta melhoria na reputação e a própria atração de investimentos ESG. E, é claro, permite o alinhamento ao propósito, e até para moldar o propósito, o modelo de negócios, incorporando a sustentabilidade.
Falando em colaboração, eu penso na palavra colaborador e confesso que tinha uma espécie de preconceito com ela. Eu tinha o pré conceito, a partir de algumas experiências como advogada na área trabalhista há muitos anos atrás, de mascarar uma solução de subordinação. Mas vi que estava muito enganada: se pretende exatamente o contrário, quebrar a regra de subordinação, o que leva a estagnação, a que a pessoa não se sinta parte, mas apenas tendo sua mão de obra utilizada. A ideia de colaborar é aquele que se une, que participa, que integra.
Integrante é justamente como são chamados, por exemplo, os trabalhadores do Aeroporto RIOGaleão, nessa ideia de ser parte, integrando para formar a organização.
E, ao finalizar, trazendo em números o quanto trabalhar com ESG pode trazer benefícios econômicos mesmo, para além de tantos outros (e lembrando que a sigla foi lançada a partir do Relatório Who Cares Wins, elaborado por líderes do mercado financeiro), chama a atenção que em ESG o presente e o futuro são promissores. Segundo a Bloomberg, a agenda ESG deve atrair 53 trilhões de dólares em investimentos em 2025, e que desde 2014 houve aumento de 68% em investimentos para empresas praticam ESG.
Autor: Karen Machado
Professora, palestrante, e consultora jurídica em ESG, Compliance e Direito Ambiental há mais de 18 anos.
Artigo elaborado a partir de palestra ministrada no 11º Congresso Internacional de Compliance da LEC, realizado entre os dias 25 e 27 de junho de 2024, em São Paulo/SP.
Este Artigo relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo autor ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis. Nesse texto o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados, não sendo, portanto, de autoria do Blog Programa Circularidade.